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novembro 23, 2010

Toda vez que via o sinal da largada, ficava paralisada. Sentia um impulso de não ter impulso. Um medo de saltar. E mergulhar. E nadar como se nada mais importasse, como se somente isso salvasse sua vida. Toda vez que via o sinal da largada, hesitava. Mas se jogava. Descontroladamente. Descoordenadamente. Deselegantemente. E era só braços e pernas. E quase respiração. Movia braços e pernas em movimentos frenéticos. As vezes, imprecisos. Mas velozes. Desengonçados. Mas vorazes. E a respiração? Esquecia-se de respirar. Braço direito. Respira. Não. Não era assim. Exatamente. Braço direito. Rosto fora da água. Mas não tinha pulmão para inspirar. Não tinha expirado no momento anterior. E tentava ir de um fôlego só. A cada braçada o pulmão reclamava mais e mais. A piscina nunca acabava. Ela só precisava de ar. Só precisava de coordenação. Preisava de sincronia. De ritmo.


E terminava sempre debruçada sobre a borda da piscina.

[ofegante]

2 comentários:

Anônimo disse...

Olha só
Que cara estranho que chegou
Parece não achar lugar
No corpo em que Deus lhe encarnou

(me lembrou disso)

tudo certo, Ju? =]

Patricia disse...

Coragem.